Referencial Teórico

A aprendizagem está envolta por aspectos que ampliam as suas possibilidades. O ser humano, em sua trajetória evolutiva, vem se ancorando em alguns elementos que o impulsionam ao “aprender mais”, “aprender com” e “aprender para”. Estes aspectos motivacionais podem ser intensificados se estiverem inseridos em um ambiente escolar adequado, bem como influenciarem Tais aspectos podem influenciar na conduta dos educandos, levando-os a manterem-se motivados ou não. A este respeito Pintrich (2006, p. 313) se manifesta:  
 
"O clima da sala de aula se refere a atmosfera dos alunos: suas características sociais, psicológicas e emocionais. A importância do clima da sala de aula, tal como se relaciona com a motivação, se deriva da idéia de que a educação tem liderança, que tenta influir na conduta dos alunos. O clima da sala se descreve frequentemente [...]. O clima se estabelece principalmente através das interações professor- estudante."
A intimidação e a agressão entre os estudantes são frequentes nas escolas, e a esse respeito se ouve muito falar, mas pouco se fazer. Essas ações estão sendo e tendo consequências cada vez piores e além de intervirem negativamente na auto estima da criança interfere também na sua aprendizagem.
Uma criança que sofre de bullying, por exemplo, quer aprender como todas as outras, porém não consegue aproveitar as oportunidades que são suas por direito, tendo em vista que além dela apresentar dificuldades de concentração, ela também não consegue esclarecer suas dúvidas, pois caso ela faça alguma pergunta, certamente ouvirá deboches dos colegas, sentindo-se, assim, humilhada por não entender. Como resultado, tem-se a não aprendizagem, logo as reprovações.
Estes problemas também aparecem diante das novas tecnologias encontradas em nosso dia a dia, uma criança que não domina os recursos tecnológicos sentirá vergonha de pedir explicação, mas se souber utilizar, terá medo, pois poderá sofrer as agressões de forma virtual também. E, neste sentido, Lima (1969, p. 241) descreve que “numa sociedade tecnológica, ter recebido educação adequada ou não, determina, fatalmente, a classe social a que vai pertencer o indivíduo”.
Por isso pensamos e entendemos a motivação como um meio de trabalhar uma educação de valores, via uma convivência pacífica entre os estudantes, motivando-os, inicialmente ao bom convívio e consequentemente ao aprendizado, pois infelizmente, como Beaudoin e Taylor (2006, p. 35) escrevem, “desde muito cedo as crianças já estão saturadas da escola, pois elas requerem aprender cada vez mais e mais cedo, e muitos professores não entendem esta demanda e acabam insatisfeitos com os resultados e os alunos também.”.
   
Muitas vezes, são nestas brechas que iniciam as principais dificuldades encontradas no ambiente escolar, descritas por Fante (2005, p. 91), que são: “a intolerância, a ausência de parâmetros que orientem a convivência pacífica e a falta de habilidade para resolver os conflitos”. 
Neste sentido, Gikovate (2001, p. 39) acredita que:
 
"Não basta nos preocuparmos apenas com a transmissão das informações necessárias ao bom desempenho deles no mundo material que os cerca. Temos de ensiná-los a se conhecer melhor, a evoluir moral e emocionalmente, para que possam vir a ter boa auto-estima e alegria íntima e mostrar-lhes que o fato de eles serem criaturas disciplinadas não é o suficiente. É absolutamente necessário que tal virtude venha acompanhada de verdadeiros interesses e valores morais."
 
Ainda, Rossini (2001, p. 15) defende que:
 
A falta de afetividade leva à rejeição aos livros, á carência de motivação para a aprendizagem, à ausência de vontade de crescer. Portanto, uma das nossas máximas é: aprender deve estar ligado ao ato afetivo, deve ser gostoso, prazeroso. Se a criança está feliz, ela aprende, ela faz.
 
Nós educadores, temos a necessidade de entender que a educação é uma teia tênue, onde são tecidos vários aspectos distintos, mas relacionados entre si, que nem em todos os momentos vamos nos deparar apenas com aspectos positivos, mas também com muitas barreiras, onde precisamos estar preparados a conduzir com sabedoria determinado processo.
Precisamos motivar nossos alunos, e para isto é necessário considerar os interesses trazidos com eles, as significâncias e importâncias que eles atribuem a determinada situação, ou seja, precisamos “conhecer o aluno de fato, não apenas o seu nome.” (FELICETTI, 2007). Bzuneck (2010, p. 14), escreve que esta é uma “poderosa fonte de motivação”, e Huertas (2001, p. 46), também defende este propósito, ele acredita que é importante levar em conta vários aspectos, tais como: o tempo disponível, os meios bibliográficos dispostos, conhecimentos, normas e tipo de avaliação proposta pelo professor, mas, sobretudo o interesse pela matéria.
 
Felicetti aponta em relação ao docente de matemática, que:
 
Em relação ao professor, pode-se dizer que é fundamental que ele saiba ensinar bem, pois, no processo de ensino e aprendizagem, ele é um guia, um orientador, é aquele que organiza e cria condições de aprendizagem e que poderá despertar o interesse do aluno e incentivá-lo a agir, a pensar, enfim, a aprender.
Ser professor é ser capaz de programar seu próprio programa de desenvolvimento profissional. É estar aberto à aprendizagem no todo, é ser investigador no conjunto do trabalho docente. O professor consciente de seu papel docente necessita de respostas às suas inquietações, inconformidades e anseios perante sua atividade profissional. (2010, p. 36-33).
 
Esta fala pode ser estendida a todos os docentes, independente da disciplina, pois tais características são relevantes a todo professor.
Ainda, segundo Felicetti (2007), muitas vezes devido a dificuldade encontrada pelo aluno, este cria apatia em aprender e aversão a determinada disciplina. Mas, se o professor estiver encorajado a cumprir suas metas, certamente encontrará soluções, como por exemplo, juntos (professor e alunos) buscando entender onde se encontra a dificuldade e procurando meios para diminuí-las e ou saná-las, respeitando o tempo e a individualidade de cada um. O professor necessita se mostrar interessado com a aprendizagem do seu aluno, estimulando-o a tentar e assim, estando mais confiante a alcançar o aprendizado, bem como elogiar e utilizar de técnicas que possam motivar o aluno, como por exemplo: anotações coloridas nas atividades, pois as cores estimulam o cérebro e motivam o aluno.
Este breve introdutório teórico nos direciona ao aprofundamento do assunto, isto é, há a necessidade de maiores estudos acerca. É necessário ter em mente o planejamento, a gestão de sala de aula dentre as demais problemáticas apontadas no texto acima. Nesta direção encontramos Parrat-Dayan (2011, p. 20), que defende “a escola é um espaço educativo e educa também por meio da maneira como ela mesma funciona”, com isso Ferrari e Guirro (2006, p. 26) acreditam que tal funcionamento depende de uma organização consequente da jornada pedagógica, onde esta seja permeada pelo diálogo, reflexão, cooperação e uso racional do tempo.
A educação na vida em sociedade é fator essencial para todo cidadão, independente de classe social, credo, raça e/ou outras tantas especificidades. “A educação conduz as virtualidades da cultura humana e uma finalidade precípua: a formação do caráter” (KELLY, 1973, p. 15).
Acreditamos, assim, que a motivação contribui para uma melhor aprendizagem dos alunos, pois pode estimular novos conhecimentos, influenciando continuamente e positivamente no processo de ensino e aprendizagem, resultando assim em uma educação de melhor qualidade.